sexta-feira, 9 de novembro de 2007

DRINK DO CAPETA - Fez caipirinha com sangue do marido




Cachaçada regada a muita patifaria terminou em esfaqueamento ontem à tarde, no conjunto Cambará. A doméstica Francisca Laurinda, 31 anos, preparava uma ardente caipirinha quando discutiu com o namorado. Levou de imediato um ‘foguete’ bem em cima do olho esquerdo. Ficou rocha do hematoma e de tanta raiva.Como estava com a faca na mão, cortando os limões, Francisca não pensou duas vezes. Após pegar o murro, a mulher, braba feito siri na lata, enterrou a lâmina até o cabo nas costas do infeliz. O grito de dor ecoou pelo conjunto. O sangue misturou-se a caipirinha.Sem poder reagir, com uma faca cravada no lombo, o eletricista Hércules da Silva, 25, saiu se arrastando e conseguiu socorro. Minutos depois, agentes do 4º Distrito Policial prenderam Francisca em flagrante, ainda chapada e transbordando de álcool.A bebedeira estava rolando de boa na casa de um amigo do casal, na rua José Francisco, quando a infeliz decidiu inventar uma nova fórmula de caipirinha: limão, açúcar, cachaça e o toque especial, sangue do infeliz do seu marido.


Vive apanhando

Na recepção do 4º DP, ontem à tarde, ainda grogue e com bafo de cana, Francisca disse à reportagem que deu a facada porque não agüentava mais apanhar do namorado. “Toda vez que bebe, me bate. E o pior é que ele vive bêbado”, reclamou.A agressora, que alegou legítima defesa, informou que tem três filhos (lindo pra cara dela) e várias passagens pela Polícia. Virou ‘figurinha carimbada’ nos distritos por tanto brigar com o homem que escolheu para amar eternamente. “O único problema do Hércules é que ele vive bebendo e fica muito agressivo. Não sei que diacho é isso. Eu avisei pra ele que um dia o barato ia sair muito caro. Quero a separação”, avisou Francisca.


Arrependido

Depois dos curativos no pronto socorro Francisco Elesbão, Hércules retornou ao 4º DP e também foi para a tranca, acusado de espancar a amada mulher. O eletricista admitiu que deu a porrada na ‘lata’ da infeliz, mas não esperava o troco.“Tudo por causa da maldita cachaça. Tenho que parar de beber”, disse o cara, soluçando sem parar. Até o encerramento da edição, o caso ainda rolava no 4º DP.
OBS:Essa foi uma matéria publicada no Jornal Roraima Hoje, um jornal que está fazendo grande sucesso no Estado de Roraima, vale a pena conferir: www.roraimahoje.com.br/
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Sei Lá

É estranho
O sítio de onde eu venho
Cada passo que o mundo dá
Eu acompanho
Mas ao mesmo tempo
Fico para trás
Sei lá
O que se passa
O que a vida nos trás
sei o que passei
Merda atrás de merda
Fritei
Não venci
Mas lutei
E sei como lutei
Lutei como um simples ser
Na maneira como sou no estilo de viver
Sem drama
A calma em nome da minha alma
Sem ela o mundo se mata
Lento como um kuala
Sei lá
Aquilo que se passa
Aqui
Neste mundo complexo onde eu nasci
E nele habito
Sou tão estranho
Que me chamam ridículo
Não complico a vida das pessoas
Como um político
Sente a gente
Mas ao mesmo tempo está quente
Este micro mundo complexo
Eu represento

Esse aí é um trecho de uma música chamada Sei Lá, sempre gostei dessa parte e de certa forma tem um significado pra mim. Espero que gostem.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

É inacreditável como realmente somos inferiores em tudo. Você é um daqueles macuxi que ficam P da vida com os “cabeça-rachada” que vêm pra cá tentar sobreviver e vivem nos esnobando e cospem no prato onde comeram? Conformem-se eles estão certos!
Contraditório é o C* do Brasil ser acima do pulmão do mundo! Se você também não se conforma em o Globo Repórter mostra só mato, o Fantástico só mostrar dados em que comprova que somos inferiores, é melhor ir se acostumando.
Roraima é pior nisso e naquilo, tem mais desgraça e analfabetos, tenha uma certeza, temos a maior população indígena, a maior população de mosquitos e pernilongos e mais mato que muitos estados federados juntos. Somos piores e atrasados, atrasados mesmo, parece até piada, uma hora atrasados em relação à Brasília e muitos anos em relação a tudo.
Revoltante mesmo é ter os mesmos direitos de qualquer brasileiro a pagar impostos, mas não poder fazer uma cirurgia descente aqui ou opções de lazer e diversão. Não sei pra quem é mais vergonhoso se é para nós ou para o resto do Brasil, perguntar se andamos pelados pulando de galho em galho que nem macacos, se feras andam soltas nas ruas, ou pior “Como é que vocês falam aí?”. Português ora bolas.
Somos infelizes no quesito férias também, é mais barato ir de carro pra Manaus ou pra Margarita? Tudo bem que para Margarita são dois dias de viagem, mas nem se compara aos preços, estrada e ainda mais tem o mar, Caribe.Agora me pergunto quantos macuxi já não se pegaram pensando como seria bom se no Brasil as coisas fossem tipo na Venezuela? Acordar, tomar café da manhã na padaria, com aquele capuccino e aquele sanduíche natureba, ir para o trabalho, depois almoçar em casa e encher o tanque do carro com uns R$ 2,70?? e quando a noite cair, ir ao supermercado e comprar leite, vassoura e sardinha a preço de bananas?kkkkkkkk é não mas só de poder comprar pirulin e ovo maltine a agora que quiser mmmmmm. Chegar o fim do mês com dinheiro sobrando, uma conta de energia a pagar por mixaria?
Por que não nos separamos do Brasil e pedimos abrigo à Venezuela? Não me soa tão mal ter um estado chamado “Roráima”, ou preferes “Rorãima”? ou pior ser confundido com Rondônia?? hahahahaha
NÃO, NÃO E NÃO, seria a primeira reação de muitos diante dessa pergunta, diriam na lata do orgulho de ser brasileiro, de sermos campeão do mundo, de termos uma cultura melhor, e pior, sermos uma economia emergente. Faça-me rir! Campeão do mundo tudo bem (mas isso não enche barriga de ninguém), uma economia emergente ou que precisa de emergência urgente? Não me importa se o Brasil cresce os sonhados 5% ao ano do Lula ou os 3 e alguma coisa que é a realidade, eu não ganho um tostão com isso.
Aonde está o nosso El Dourado perdido? Será aqui o inferno de Dante?Será que os roraimenses nunca deveriam ter deixado suas tribos?

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Leitura a Frio

Como ando sem muito ânimo pra escrever, vou colocar aqui algumas coisas a respeito da leitura fria, que foi retirado de um site que sempre visito!!

http://brazil.skepdic.com/leiturafria.html

leitura a frio

"No decorrer de uma leitura bem sucedida, pode ser que o paranormal forneça a maioria das palavras, mas é o cliente quem fornece a maior parte do sentido e todo o significado". -- Ian Rowland (2000: 60)

Chama-se de leitura a frio um conjunto de técnicas usadas por manipuladores profissionais para fazer com que uma pessoa se comporte de uma certa forma, ou a pensar que os que fazem a leitura têm algum tipo de capacidade especial que "misteriosamente" permite que saibam coisas sobre ela. A leitura a frio vai além das ferramentas usuais de manipulação, sugestão e adulação. Através dela, vendedores, hipnotizadores, publicitários, curandeiros, vigaristas e alguns terapeutas tiram proveito da predisposição dos clientes a encontrar mais significado numa situação do que realmente existe. O desejo de encontrar sentido em nossas experiências já nos levou a várias descobertas maravilhosas, mas também levou muitos de nós a desvarios. O manipulador sabe que sua vítima tenderá a tentar encontrar sentido em qualquer coisa que se diga a ela, não importa o quão absurda ou improvável. Sabe também que as pessoas normalmente são egocêntricas, que tendem a ter visões pouco realistas de si mesmas e que geralmente aceitam alegações que refletem, não o que são, ou mesmo o que realmente pensam ser, mas o que desejariam ser ou o que pensam que deveriam ser. Também sabe que, dentre as diversas alegações que fizer sobre você, e que você rejeitar como incorretas, irá sempre fazer uma que encontre sua aprovação. E sabe que você se lembrará dos acertos que ele fizer e se esquecerá dos erros.

Assim, um bom manipulador pode fornecer uma leitura para uma pessoa totalmente estranha, o que irá fazer com que essa pessoa sinta que ele possui algum poder especial. Por exemplo, Bertram Forer nunca o conheceu, embora ofereça a seguinte leitura a frio a seu respeito:

Algumas de suas aspirações tendem a ser bem irrealistas. Você às vezes é extrovertido, afável e sociável, embora em outras vezes seja introvertido, cauteloso e reservado. Descobriu que não é recomendável ser excessivamente sincero ao se revelar para outras pessoas. Tem orgulho de pensar de forma independente e não aceita afirmações de outros sem provas satisfatórias. Prefere uma certa mudança e variedade, e fica insatisfeito quando é cercado por restrições e limitações. Às vezes tem sérias dúvidas sobre se tomou a decisão correta ou fez a coisa certa. Disciplinado e com auto-controle por fora, tende a ser preocupado e inseguro no íntimo.

Seu ajustamento sexual tem apresentado alguns problemas. Embora tenha algumas fraquezas de personalidade, geralmente é capaz de compensá-las. Você tem uma considerável capacidade não utilizada, que ainda não usou a seu favor. Tende a ser crítico em relação a si mesmo. Sente forte necessidade de que outras pessoas gostem de si e o admirem.

Eis outra leitura:

Pessoas próximas têm tirado vantagem de você. Sua honestidade básica tem obstruído seu caminho. Você teve de renunciar a muitas oportunidades que lhe foram oferecidas no passado por recusar-se a tirar vantagem dos outros. Gosta de ler livros e artigos para aprimorar a mente. Na verdade, se você já não estiver no ramo dos serviços pessoais, deveria estar. Tem uma capacidade infinita de compreender os problemas das pessoas, e pode simpatizar com elas. Mas é firme quando confrontado com a obstinação ou a estupidez pura e simples. Outra área que você compreende bem poderia ser a da lei. Seu senso de justiça é bastante forte.

Este último é do astrólogo Sidney Omarr. Ele nunca o viu e ainda assim sabe tanto sobre você (Flim-Flam!, 61). O primeiro foi tirado por Forer de um livro de astrologia de banca de revistas.

A seletividade da mente humana está sempre em funcionamento. Procuramos e escolhemos quais dos dados iremos lembrar e a quais deles atribuiremos significado. Em parte, fazemos isso em função do que já acreditamos ou queremos acreditar. Em parte, fazemos isso para encontrar sentido na experiência pela qual estivermos passando. Não somos manipulados apenas por sermos crédulos ou sugestionáveis, ou apenas porque os sinais e símbolos do manipulador são vagos ou ambíguos. Mesmo quando os sinais são claros e somos céticos, ainda assim podemos ser manipulados. Na verdade, é possível que as pessoas especialmente brilhantes sejam as mais propensas a ser manipuladas quando a linguagem é clara e elas raciocinam logicamente. Para se fazer as conexões que o manipulador deseja que se façam, é preciso que se pense logicamente.

Nem todas as leituras a frio são feitas por manipuladores maliciosos. Algumas são feitas por astrólogos, grafólogos, leitores de tarô e paranormais que realmente acreditam ter poderes psíquicos. Ficam tão impressionados com suas predições e descobertas corretas quanto ficam seus clientes. Devemos nos lembrar, no entanto, que assim como os cientistas podem errar em suas predições, pseudocientistas e charlatães também podem errar nas deles.

Parece haver três fatores comuns a esses tipos de leituras. Um deles é o jogar verde. O paranormal diz algo vago e sugestivo, por exemplo, "tenho um forte sentimento sobre janeiro aqui". Se o cliente reagir, positivamente ou negativamente, a próxima jogada do paranormal é representar de acordo com a reação. Por exemplo, se a pessoa disser, "Eu nasci em janeiro", ou "minha mãe morreu em janeiro", o paranormal dirá algo como "Sim, posso ver isso", qualquer coisa que reforce a idéia de que se foi mais preciso do que realmente foi. Se a pessoa reagir negativamente, por exemplo, "não consigo pensar em nada especial com relação a janeiro", o paranormal poderia responder, "Sim, eu vejo que você suprimiu uma lembrança a respeito disso. Você não quer se recordar dela. Algo doloroso em janeiro. Sim, eu sinto isso. É na região lombar [jogando verde]... ah, agora está no coração [jogando verde]... humm, parece ser uma dor na cabeça [jogando verde]... ou no pescoço [jogando verde]". Se o cliente não esboçar nenhuma reação, o paranormal pode abandonar a área deixando firmemente implantada na mente de todos que ele realmente 'viu' algo, mas que a supressão do evento pelo cliente impediu que ambos obtivessem os detalhes do ocorrido. Se a pessoa der uma resposta positiva a qualquer das tentativas de jogar verde, o paranormal dá seqüência com mais "Vejo isso claramente agora. Sim, o sentimento no coração está ficando mais forte".

Jogar verde é uma verdadeira arte e um bom mentalista carrega munição variada na memória. O mentalista profissional e autor de um dos melhores livros sobre leitura a frio Ian Rowland (2002), por exemplo, diz ter gravadas na memória coisas como os nomes masculinos e femininos mais comuns e uma lista de itens que provavelmente são encontrados numa casa, como um calendário velho, um álbum de fotos, recortes de jornal e assim por diante. Rowland também trabalha certos temas que provavelmente irão ter ressonância com a maioria das pessoas que consultam paranormais: amor, dinheiro, carreira, saúde e viagens. Como a leitura a frio pode ocorrer em vários contextos, Rowland explora diversas táticas. Mas não importa se a pessoa trabalhe com astrologia, grafologia, quiromancia, psicometria, ou cartas de Tarô, ou esteja canalizando mensagens dos mortos à la James Van Praagh, há técnicas específicas que ela pode usar para impressionar os clientes com sua capacidade de saber coisas que parecem exigir poderes paranormais.

Outra característica dessas leituras é que apresentam-se numerosas afirmações na forma de uma declaração vaga ("Estou tendo um sentimento de calor na região da virilha") ou na forma de de uma pergunta ("Sinto que você tem fortes sentimentos por alguém nesta sala. Estou certo?") A maioria das afirmações específicas é fornecida pelo próprio cliente.
Alguns especialistas em leitura a frio dão ênfase a prestar atenção à linguagem corporal e coisas como as roupas do cliente.

O leitor começa com generalidades que são aplicáveis a amplos segmentos da população. Presta cuidadosa atenção às reações: palavras, linguagem corporal, cor da pele, padrões de respiração, dilatação ou contração das pupilas, e outras coisas mais. O cliente da leitura geralmente irá transmitir informações importantes ao leitor, às vezes em palavras e às vezes em reações corporais à leitura.

A partir da observação, o leitor irá retransmitir ao cliente o que este gostaria de ouvir. Esse é o princípio guia da esmagadora maioria dos místicos: Diga a eles o que desejam ouvir. Isso irá fazer com que voltem sempre (Steiner 1989: 21).

Além disso, aquelas ocasiões em que o paranormal tiver dado um palpite errado sobre o cliente serão esquecidas por este e pela platéia. O que será lembrado serão os aparentes acertos, dando a impressão geral de "Uau! De que outra forma ela poderia saber tudo isso a não ser que ela seja paranormal?". Esse mesmo fenômeno de supressão das evidências em contrário e de pensamento seletivo é tão predominante em toda forma de demonstração paranormal que parece estar relacionada ao velho princípio psicológico: um homem vê o que quer ver e desconsidera o resto.

a leitura a frio e o contato com os mortos

Muitas das leituras a frio não se apóiam no jogar verde, vagueza ou palpites. A chave para uma leitura bem sucedida é a disposição, capacidade e esforço por parte do cliente em encontrar sentido e importância nas palavras do paranormal, astrólogo, quiromante, médium, ou similar. Um médium que alega receber mensagens dos mortos poderia disparar uma cadeia de imagens ambíguas para o cliente. Figura paterna, mês de maio, grande H e H com som de N, Henna, Henry, M, talvez Michael, ensino, livros, talvez algo publicado. Esta lista poderia significar coisas diferentes para diferentes pessoas. As chances de que o cliente encontre significado em numerosos conjuntos diferentes de palavras e frases são favoráveis ao médium. Se o cliente conectar apenas algumas delas, pode achar que isso é sinal satisfatório de que o médium fez contato com um parente falecido. Se não encontrar nenhum significado ou sentido na cadeia, o médium ainda assim vence. Ele pode tentar outra cadeia. Pode insistir em que há um sentido, mas que o cliente simplesmente não está se esforçando o bastante para enxergá-lo. Pode sugerir que alguns espíritos intrusos estão criando confusão. É uma situação em que a vitória é certa para o médium porque o encargo de encontrar sentido nas palavras está com o cliente, e não com ele.

Leituras a frio bem sucedidas às vezes são um atestado da habilidade do leitor, mas são sempre um atestado da habilidade do homem em encontrar sentido nos mais desconexos dos dados. A habilidade da leitura a frio pode ser aperfeiçoada e transformada numa arte, como fazem os profissionais que trabalham como médiuns, quiromantes, astrólogos, etc. Muitos desses profissionais podem nem mesmo se dar conta de que fazem isso e atribuir o alto índice de satisfação dos clientes à veracidade da astrologia ou da quiromancia. Podem até acreditar na realidade do mundo espiritual ao se convencerem de que sinais significativos do além às vezes se destacam em meio ao ruído do dia-a-dia e são detectados por médiuns habilidosos. Alguns desses profissionais sabem o que fazem e enganam o público, senão a si próprios. Outros sabem o que estão fazendo mas contam aos clientes ou platéias, após as apresentações, que não precisam de nenhum poder paranormal ou sobrenatural para realizar suas proezas.

Na avaliação da leitura a frio, um equívoco comum é voltar o foco principalmente para o leitor. Gary Schwartz parece ter feito isso no livro The Afterlife Experiments: Breakthrough Scientific Evidence of Life After Death [Os Experimentos de Vida Após a Morte: Evidências Científicas Revolucionárias da Vida Após a Morte]. Ele parece pensar que, se puder eliminar a trucagem e a tapeação (leitura a frio), e a fraude (leitura a quente) por parte dos médiuns nos experimentos, terá eliminado a leitura a frio dentre as explicações viáveis para a validação por parte dos clientes das leituras. Defende sua hipótese ao longo do livro e a enfatiza num artigo que ele e outros publicaram no Journal of the Society for Psychical Research:

Como a condição de silêncio do cliente não oferece nenhum retorno verbal/semântico ao médium, assim como retorno não-verbal mínimo (salvo possíveis informações da respiração ou suspiros dos clientes), essa condição elimina a plausibilidade da 'leitura a frio' como explicação provável para as revelações. Por esse motivo, o artigo relata os dados obtidos com o cliente na condição silenciosa. Estes formam a evidência mais convincente de uma recuperação anômala de informações.
A condição do cliente silencioso (também conhecida como Protocolo de Russek) permite ao médium fazer uma leitura a uma distância audível do cliente, mas não permite que se faça nenhuma pergunta, ou que o cliente dê qualquer resposta.

Testes feitos com estudantes universitários, aos quais são dadas leituras de personalidade ou astrológicas, evidenciam que não é necessário interrogar o cliente para fazer com que ele encontre significado em sentenças inteiras que não foram geradas com base em nenhum conhecimento pessoal. Também parece evidente que muitas pessoas devem ser capazes de encontrar significado em diversos tipos de iniciais, nomes, descrições de lugares, etc. Além disso, embora seja verdade que alguns médiuns usem truques, como ter cúmplices na platéia ou fazer com que detetives investiguem o cliente, isso não é necessário. O que muitos viram Rosemary Athea fazer em um episódio do programa Bullshit!, de Penn & Teller, por exemplo não é um requisito para uma leitura bem sucedida. O agente da médium trouxe um casal cujo filho havia cometido suicídio para que fosse feita uma leitura (adivinhe quem surgiu na leitura). Ela também conversou, antes de a leitura começar, com um jovem que lhe disse que desejava fazer contato com a mãe (adivinhe com quem ela se conectou durante a leitura). No mesmo episódio de Bullshit!, Mark Edward (nenhum parentesco com John Edward) fez uma leitura bem sucedida com uma mulher sem usar nenhum truque de leitura a quente. Mas mesmo este método de jogar verde procurando por alguém com quem o cliente possa se conectar não é requisito para uma leitura bem sucedida. O cliente é a chave para o sucesso de uma leitura por um médium, e médiuns diferentes usam métodos diferentes.

As leituras bem sucedidas que envolvem o contato com entes queridos falecidos são um atestado da maravilhosa capacidade da nossa espécie de encontrar significado em praticamente qualquer imagem, palavra, frase ou cadeia desses itens. Podemos descobrir Jesus numa tortilha queimada, Madre Teresa num pão de canela, a Virgem Maria numa mancha causada pela água ou na descoloração da casca de uma árvore, ou Vladimir Lênin numa mancha de sabonete numa cortina de chuveiro (pareidolia). Podemos ver o demônio numa poça d'água e ouvi-lo tentando-nos (apofenia). O mesmo cérebro humano complexo que nos torna possível encontrar esses significados ilusórios é o que nos permite escrever e apreciar poesia diversificada e descobrir padrões reais na natureza. Este nosso maravilhoso cérebro, produto de dezenas de milhares de anos de evolução, também nos torna possível iludir a outros e a nós mesmos. Ainda mais maravilhoso é o fato de que este nosso cérebro pode ser usado para tentar compreender as muitas maneiras pelas quais acertamos ou erramos ao tentar encontrar sentido na vida e na morte.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Psicologia de um Vencido

Tu já pensou no que colocar na tua lápide?!
Eu já:

Psicolodia de um Vencido
de Augusto dos Anjos.

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Sobre Lúcifer




Quem é "Lúcifer"?

O nome Lúcifer é freqüentemente aplicado a Satanás, mas não há base bíblica para esta idéia. A palavra "Lúcifer" é a tradução em algumas Bíblias (ainda que não nas versões portuguesas mais comuns) da palavra hebraica hêlîl em Isaías 14:12. Versões bem conhecidas como a Revista e Corrigida, a Revista e Atualizada (1 e 2) e a Linguagem de Hoje traduzem esta palavra como "estrela da manhã."Isaías 14 é uma profecia sobre a queda do rei de Babilônia (veja 14:4). Este rei exaltava-se, buscando tomar a glória que pertence a Deus. A profecia de Isaías 14 mostra que ele seria derrubado de volta à terra.É interessante que o Novo Testamento fale sobre a "estrela D'alva" (2 Pedro 1:19) e a "estrela da manhã" (Apocalipse 2:28; 22:16). Em todas estas passagens, é claro que a estrela da manhã não é Satanás, ou qualquer outra criatura blasfema. O próprio Jesus é a brilhante estrela da manhã que abençoa seus servos fiéis.Então, por que o nome "Lúcifer" é freqüentemente aplicado a Satanás? O uso partiu de uma interpretação errada de Isaías 14:12. Muitos comentaristas inseriram algo maior neste texto, vendo-o como uma explicação da origem de Satanás. Certamente há razão para acreditar que o Diabo foi um dos anjos (Jó 1:6), que ele tem estado em rebelião contra Deus desde antes da criação da Terra (1 João 3:8; veja Gênesis 3), e que vários anjos seguiram sua desobediência e serão castigados eternamente (Judas 6). O que o rei de Babilônia fez foi o mesmo tipo de pecado: desafiar a autoridade do Rei dos reis. Neste sentido, podemos pensar em "Lúcifer" como um filho ou discípulo de Satanás (veja João 8:44), mas a profecia de Isaías 14:12 não está falando especificamente do Diabo.Esta é uma lição permanente para nós de Isaías 14. O rei de Babilônia serve como um lembrete claro da verdade das palavras de Jesus em Lucas 14:11: "... todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado." Que possamos andar humildemente com nosso Deus.







Lúcifer segundo a Igreja:


Segundo a igreja católica, Lúcifer era o mais forte e o mais belo de todos os querubins. Então, Deus lhe deu uma posição de destaque entre todos os seus auxiliares. Segundo a mesma, ele se tornou orgulhoso de seu poder, que não aceitava servir a uma criação de Deus,"O Homem",e revoltou-se contra o Altissímo. O Arcanjo Miguel liderou as hostes de Deus na luta contra Lúcifer e suas legiões de anjos corrompidos; já os anjos leais a Deus o derrotaram e o expulsaram do céu, juntamente com seus seguidores. Desde então, o mundo vive esta guerra eterna entre Deus e o Diabo; de seu lado Lúcifer e suas legiões tentam corromper a mais magnífica das criaturas mortais feitas por Deus, o homem; do outro lado Deus, os anjos, arcanjos, querobins e Santos travam batalhas diárias contra as forças do Mal (personificado em Lúcifer). Que maior vitória obteria o Anticristo frente a Deus do que corromper e condenar as almas dos humanos aos infernos, sua morada verdadeira? Na realidade, a crença na existência de uma entidade demoníaca em guerra contra Deus, a Igreja e seus agentes veio se prestar perfeitamente para garantir a hegemonia da Igreja Católica em uma Europa apavorada diante do fim do Império Romano, com a propagação de epidemias pestilentas, e com guerras intermináveis. A aparência de Lúcifer pode variar; acredita-se que ele (chamado agora de Diabo), pode assumir a forma que desejar, podendo passar-se por qualquer pessoa. Seu aspecto físico fora herdado de várias entidades das mitologias e religiões de diferentes povos antigos (não exatamente ligadas a maldade); Seu reino, os Infernos, sofreu infuência do Tártaro da mitologia grega, morada de Hades, local para onde iam as almas dos mortos, cuja porta de entrada era guardada por Cérbero, o Cão de três cabeças; seus chifres eram de Pam , uma entidade grega protetora da natureza; sua fama de representar uma força eternamente em conflito com Deus veio do Zoroastrismo. Ainda encontramos coincidências com as crenças dos antigos Egipcios, quando se acreditava que o Deus Anubis (o Chacal) carregaria a alma dos mortos cujo coração ao ser pesado numa balança, seria mais pesado que uma pluma.
Mas foi durante a "Idade das Trevas" que o "Anjo Decaído" ganhou a hedionda aparência com a qual o conhecemos hoje; asas de morcego, pés de bode, olhos de fogo, chifres enormes na cabeça, olhar aterrorizante, etc. A idade das trevas fora um momento fértil para a propagação nas crenças nas ações de forças demoníacas agindo sobre o mundo. Os milhões de mortos nas epidemias de peste negra vieram, juntamente com a ocorrência de guerras sangrentas, de que "o Anticristo estaria atuando no mundo". Foi aí que Lúcifer passou a representar a personificação do mal da forma mais intensa e poderosa que conhecemos hoje. Surge a crença de que para cada ser humano vivo na Terra, Lúcifer criou um Demônio particular, encarregado de corromper aquele indivíduo; já Deus, não poderia deixar por menos, e criou para cada ser humano um "Anjo da Guarda" ao qual incumbia da missão de proteger e zelar pela alma daquela pessoa.
Interessante observar que o próprio Jesus Cristo é a estrela da manhã que ilumina ate o fim dos tempos toda escuridão(trevas), como em Apocalipse 22:16 onde está escrito: "Eu, Jesus,enviei o meu anjo.Ele atestou para vocês todas essas coisas a respeito das Igrejas. Eu sou a raiz e o descendente de Davi, sou a estrela radiosa da manhã.". Assim como em II Pedro 1,19 que diz: "E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela D'alva apareça em vossos corações.".
A palavra Lúcifer significa "o portador da luz" ou "o portador do archote" (a palavra tem sua origem no latim, lux ou lucis com o significado de "luz"; ferre com o significado de "carregar"). Ou seja, de acordo com a origem, seu significado é "aquele que carrega a luz". Apesar de Satanás ser originalmente conhecido como Lúcifer, perdeu seu posto ao desejar subir a alturas acima de Deus e de Seu Ungido( JESUS CRISTO ).







Outras Opiniões:

Muitos exegetas afirmam que não existe fundamentação bíblica para identificar Lúcifer como o Satã tentador. Esta confusão com Satã foi ocasionada por uma má interpretação de Isaías 14:12-15: "Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo levado serás ao (Seol) inferno, ao mais profundo do abismo.".
Esta interpretação é geralmente atribuida a São Jerônimo, que ao traduzir a Vulgata atribuiu Lúcifer ao anjo caído, a serpente tentadora das religiões antigas, embora antes dele esta interpretação não existisse. Oficialmente a Igreja não atribui a Lúcifer o papel de Diabo, mas apenas o estado de "caído" (Petavius, De Angelis, III, iii, 4).
Por exemplo, a enciclopédia Estudo Perspicaz das Escrituras, vol.1, pág, 379, explica que “o termo “brilhante”, ou “Lúcifer”, é encontrado na “expressão proverbial contra o rei de Babilônia” que Isaías mandou profeticamente que os israelitas proferissem. De modo que faz parte duma expressão dirigida à dinastia babilônica.
Que o termo “brilhante” é usado para descrever um homem e não uma criatura espiritual é notado adicionalmente na declaração: “No Seol serás precipitado.” Seol é a sepultura comum da humanidade — não um lugar ocupado por Satanás, o Diabo. Além disso, os que vêem Lúcifer levado a essa condição perguntam: “É este o homem que agitava a terra?” É evidente que “Lúcifer” se refere a um humano, não a uma criatura espiritual. — Isaías 14:4, 15, 16.”
Por que se dá tal ilustre descrição à dinastia babilônica? Temos de dar-nos conta de que o rei de Babilônia seria chamado de brilhante apenas depois da sua queda e de forma escarnecedora. (Isaías 14:3)
O orgulho egoísta induziu os reis de Babilônia a se elevarem acima dos em sua volta. A arrogância da dinastia era tão grande, que ela é retratada fazendo a seguinte declaração jactanciosa: “Subirei aos céus. Enaltecerei o meu trono acima das estrelas de Deus e assentar-me-ei no monte de reunião, nas partes mais remotas do norte. . . . Assemelhar-me-ei ao Altíssimo.” — Isaías 14:13, 14.
As “estrelas de Deus” são os reis da linhagem real de Davi. (Números 24:17) A partir de Davi, essas “estrelas” governavam desde o Monte Sião, e com o tempo, o nome Sião passou a ser aplicado a toda a cidade. Por decidir subjugar os reis judeus e depois removê-los daquele monte, Jerusalém, Nabucodonosor declara sua intenção de se colocar acima dessas “estrelas”. Em vez de atribuir a Deus o mérito dessa vitória sobre eles, coloca-se arrogantemente no lugar Dele. Portanto, é depois da sua queda que a dinastia babilônica é chamada zombeteiramente de “brilhante”.
Com certeza a arrogância dos governantes babilônicos realmente refletia a atitude de Satanás, o Diabo também chamado de o “deus deste sistema de coisas” ou o “deus deste mundo”.-(2 Coríntios 4:4)
“Satanás também anseia ter poder e deseja colocar-se acima de Deus. Mas a Bíblia não atribui claramente o nome Lúcifer a Satanás”.- it-1 379.

'Hei de subir até o céu,acima das estrelas de 'E colocarei o meu trono,estabelecer-me-ei na montanha da Assembléia,nos confins do norte.Subirei acima das nuvens, tornar-me-ei semelhante ao Altíssimo'.- Lúcifer (Em Isaías 14:13-14)


E um dos anjos, tendo saído de sua hierarquia e se desviado para uma hierarquia abaixo da sua, concebeu um pensamento impossível: colocar o seu trono acima das nuvens que se encontram sobre a terra, para que seu poder se igualasse ao meu.(Livro dos Segredos de Enoch XXIX:3)


Agora gostaria de saber o que tu achas de tudo isso: Acredita na Igreja? É mais fácil/comfortável acreditar em tudo que te foi dito desde criança (por que não gosta de falar sobre o assunto)?

sábado, 22 de setembro de 2007

A Volta do Parafuso

A Volta do Parafuso, de Henry James.
Sinopse: Uma obra enigmática do escritor norte-americano Henry James que Oscar Wilde define como “um pequeno conto maravilhoso, terrível e venenoso”. Num clima de terror e suspense, uma jovem governanta narra a história de um casal de crianças, Flora e Miles, que supostamente eram possuídas por espíritos. Agora, resta descobrir (se é que dá para descobrir) se toda a história é fruto da sua imaginação ou se ela é vítima, realmente, de uma conspiração desses espíritos.
outra sinopse do mesmo livro:
SINISTRA E PEÇONHENTA
Fazer sinopse da história contada por um clássico muitíssimo conhecido é tolo, mas é preciso levar em conta o pouco que se lê no Brasil e que há muita gente nova para quem essa novela, embora muito citada, pode ser solenemente desconhecida. Eis a situação: uma mulher jovem, solteira, filha de um pároco de um vicariato rural, vai a Londres atender a um anúncio em que se oferece emprego para uma preceptora. O tio de um casal de crianças órfãs, solteiro, bonitão e mundano, precisa de uma moça para cuidar dos pequenos, que são, para ele, um grande incômodo. O que ele exige? Que a moça que se dispuser ao trabalho vá para uma propriedade, Bly, no interior da Inglaterra, e fique lá, cuidando das crianças, sem aborrecê-lo de modo algum com os problemas, podendo – na verdade, devendo - resolver tudo sem que a vida brilhante dele em Londres seja perturbada. É uma exigência absurda e egoísta, mas ele é encantador, percebe que ela é suscetível a esse encanto e um contrato obviamente chantagista é feito. Ela rumará para a propriedade, fará amizade com uma servidora rude e confiável, descobrirá que as crianças são excepcionalmente inteligentes e belas. Até que certas verdades, nada agradáveis, começarão a aparecer.Isso ajuda e é pouquíssimo. Em Henry James, a trama pode ser pequena ou nenhuma, visto que o decisivo é a maneira pela qual é narrada. E, nesse caso, estamos diante de uma arapuca finamente armada: a narrativa, decididamente, é suspeita. No preâmbulo, estamos em uma sala vitoriana em que uma história de fantasmas foi contada e um seu ouvinte promete ao grupo atento que tem uma muito mais terrível para narrar, excitando a todos. As suspeitas podem começar já aí, visto que esse narrador – que faz da coisa um teatro bem calculado – aparece sob as luzes duvidosas da manipulação e está envolvido pessoalmente com a coisa. É mais indireto: a história aconteceu com uma mulher que foi governanta de sua irmã e que ele conheceu quando pequeno. Na verdade, apaixonou-se por ela. E ela – naturalmente, a jovem que pegou a vaga de preceptora a que nos referimos - lhe deixou o manuscrito em que conta tudo. É preciso acreditar na fidelidade desse manuscrito. Mas, pode-se duvidar à vontade, à medida em que se vai conhecendo a narrativa da preceptora. Tem-se a impressão de um mecanismo de sedução que gira em muitas direções – tudo é extremamente ambíguo, tudo está implicado em alguma outra coisa e a narrativa tem que ser desde o início vista como algo que nasce sob o signo da arbitrariedade - dos personagens e do autor.Essa preceptora é um dos personagens mais ambíguos de um escritor pródigo em ambigüidades. Deitou-se tinta a fartar sobre seu caráter duvidoso e sobre sua condição de virgem vitoriana cheia de imaginação e frustração sexual em doses idênticas. Incumbida do casalzinho de órfãos, ela descobrirá que há, por trás deles, duas figuras que moraram em Bly e de cuja existência já não se fala mais: Peter Quint, o criado de quarto do tio, que a contratara, e Miss Jessel, a preceptora anterior das crianças. Os dois estão mortos. A descoberta é pavorosa, mas, muito à maneira ambígua do autor (e, como tradutor, garanto que sentia uma espécie de sorrisinho de James pairando nessas construções irônicas), é feita quando, numa tarde, devaneando romanticamente, ela imagina que seria emocionante encontrar-se com a bela figura do tio que a impressionara nas cercanias da casa. Sua fantasia se concretiza, e ela encontra um homem desconhecido. Não era, naturalmente, o seu contratante. Era um espectro, o que ela não sabe. Mas a motivação romântica, mesmo através do horror que sentirá quando a verdade lhe for revelada pela servidora, permanecerá – o homem era bonito. “Bonito, mas infame...”, como diz. Vestia roupas que visivelmente não eram dele. “São do patrão”, dirá, acabrunhada, a criada que bem o conheceu. Ela o julgou, a princípio, um intruso intolerável – na verdade, era alguém da casa. E assim começará a desesperadora tentativa de proteger as crianças de verem o fantasma – mais tarde, fantasmas – até que outra descoberta, mais aterradora, se imporá: as crianças sabem e, na verdade, escondem que sabem, encontrando-se com os espectros furtivamente. É caso para enlouquecer, e não é de todo implausível que o manuscrito tenha sido engendrado por uma mulher louca. O que é imaginado, o que é verdadeiro, nessa história? O público se dividiu enormemente com essa questão. “A volta do parafuso”, publicada no início em forma de folhetim, no Collier´s Weekly, em 1898, teve grande repercussão e polêmica. Oscar Wilde, ninguém menos que ele, disse que era “uma pequena história maravilhosa, sinistra e peçonhenta.” É uma história poderosamente sugestiva e que pode ir sendo descascada, camada por camada, sem que um miolo unívoco seja atingido. Wilde deve ter levado bem em conta as amplas possibilidades de perversão sexual que contém. Peter Quint, monstro, é um homem desejado. Mantinha um caso com a preceptora anterior – caso no mínimo escandaloso (do ponto de vista dos criados, que nada podiam fazer a não ser testemunhar e fuxicar) e que era testemunhado (mais tarde, sugere-se que imitado) pelas crianças. Os outros empregados não podiam falar dele, para não chatear o patrão, que o deixara lá para tomar ares do campo e sarar de alguma doença não explicada. Que espécie de intimidade era essa com o patrão, de quem usava as roupas? Morto, ele é um duplo do tio “gentleman”, duplo letal e paródico, que surge para a preceptora cheia de sonhos como a realidade sórdida que há por trás de seus ingênuos ideais românticos. Não é preciso ir muito longe para se imaginar homossexualidade nessa relação do criado de quarto com seu patrão, até porque persiste, nas impressões posteriores da preceptora, a sugestão de que o menino, Miles, fora expulso do colégio por dizer coisas estranhas aos colegas, com atitudes nitidamente influenciadas por seu convívio com o morto. Homossexualidade, incesto, pedofilia e o que mais se quiser estão nas suspeitas da preceptora e nas do leitor, às margens de uma história vitoriana de fantasmas. Num folhetim com jeito de apelar para a habitual cumplicidade de leitoras e adular o ego feminino, James conseguiu colocar tudo isso com suprema elegância, poesia e com uma peçonha de mestre.O PRINCIPAL SUSPEITO
Sexo e morte são o assunto dessa novela, na verdade. E estão organicamente interligados, porque é evidente, no contexto de puritanismo vitoriano em que a história transcorre, que a narradora é um pouco como uma personagem de Charlotte Brontë (pensa-se em Jane Eyre), tomada por anseios românticos, encontrando, numa atmosfera típica do romance feminino inglês – o casarão vetusto em que há um mistério – não o galã sonhado, mas um morto que não perdeu seu atrativo sexual. James estava consciente desse ângulo paródico e se refere à hipótese-clichê do “parente louco” no texto. Nesse contexto, sexo só poderia aparecer na forma de um demônio. Não haveria lugar para ele de uma maneira sã na cabeça de uma filha de pároco rural cheia a um só tempo de imaginação e preconceitos.Sexo, então, tem que ser uma coisa reprimida, indesejada e apavorante – um fantasma. Naturalmente, tal fantasma tem uma atração irresistível, e essa tensão entre monstro e fauno de Peter Quint dá ao texto riquezas ambíguas sem conta. Ele, o fantasma, é sempre comparado a um animal, mas é, ao mesmo tempo, exatamente por conter tudo de instintivo e permissivo, ou seja, de execrável, que encarna aquilo que a preceptora desejou – sem permitir que lhe subisse à consciência – no tio gentleman, e, depois, no menino de cuja educação cuida (o tempo todo ela se relaciona com o pequeno como se fosse um homem adulto, sedutor, em miniatura). As implicações dessa história não param de se estender, em múltiplas direções, nenhuma delas inocente. As interpretações ficaram por conta da finesse – e da grossura – dos leitores. E mesmo hipóteses metafísicas e religiosas tinham que se erguer em torno da novela. No Brasil, país onde o Espiritismo tem uma força nada desprezível, houve uma edição chamada “Os Inocentes”, por uma casa editora espírita de Matão, SP. Era um prato feito para a doutrina essa história da possessão de duas almas infantis por dois espíritos malvados, que podiam ser vistos como os “obsessores” a que os espíritas geralmente se referem. Não encontrei, em nenhum lugar, informação de que James tivesse acesso a esses simplismos kardecistas e, com seu espírito refinado, se o teve, na certa não os levou a sério. Dar aos “possessores” uma existência objetiva, independente e maléfica, isolando-os da subjetividade das crianças e da preceptora, é uma redução das mais estúpidas.No filme “Os Inocentes”, Truman Capote foi um dos roteiristas, e sua percepção de literato deve explicar em parte a felicidade dessa adaptação, que termina de maneira decididamente menos ambígua, com a preceptora beijando na boca o menino que lhe morre nos braços. Capote deu forma até um pouco grosseira a uma conjetura. Essas dúvidas com relação à veracidade da narrativa e à sanidade mental da narradora, que por vezes se transformaram em outras tantas duvidosas certezas, marcaram a análise da novela. E por isso é surpreendente encontrar, em “A arte do romance”, de James, recentemente lançado no Brasil em tradução de Marcelo Pen, o autor em nada se referindo às decantadas neuroses da preceptora, dizendo que sua intenção, ao escrever a novela, era fazer uma história de fantasmas, um entretenimento em que prevalecesse um tom de “trágica, mas requintada perplexidade”. Entre as intenções de James e as interpretações que a novela suscitou, há um abismo curiosamente... jamesiano. Essas leituras em aberto, capaz de levarem a grandes acertos e enormes absurdos, na certa deliciaram o autor. Mais (ou menos) apropriadamente, talvez, pode-se dizer que, entre os fantasmas aí tecidos, encontra-se um outro, bem sólido: o da própria Literatura, que se ergue, no lugar do real, como uma fonte de possibilidades vertiginosas. “A volta do parafuso” tem dois narradores e sabe Deus quantos infernais giros interpretativos; os deleites pantanosos que oferece parecem não ter limites. O principal suspeito, sem dúvida, é James, o artífice de um artifício que, a partir de si, se espatifa em milhares de espelhos que se refletem e hipóteses que se erguem e se desdizem. É a eficácia do parafuso. É o prazer de criar outros mundos, com uma perigosa e sedutora autonomia, que a Literatura nos dá.

Esse é uns dos poucos livros que li e recomendo, realmente fantástico, assustador do começo ao fim.

domingo, 16 de setembro de 2007

Angola



Choro de África
(Poeta Angolano)
Choro durante séculos
nos seus olhos traidores pela servidão dos homens
no desejo alimentado entre ambições de lufadas românticos
no batuques choro de África
nos sorrismos choro de África
nos sarcasmos no trabalho choro de África
Sempre o choro mesmo na vossa alegria imortal
meu irmão Nguxi e amigo Mussunda
no círculo das violências
mesmo na magia poderosa da terra
e da vida jorrante das fontes e de toda a parte e de todas as almas
e das hemorragias dos ritmos das feridas de África
e mesmo na morte do sangue o contacto com o chão
mesmo no florir aromatizado da floresta
mesmo na folha
no fruto
na agilidade da zebra
na secura do deserto
na harmonia das correntes ou no sossego dos lagos
mesmo na beleza do trabalho construtivo dos homens
Choro de séculos
inventado na servidão
em histórias de dramas negros almas brancas preguiças
e espíritos infantis de África
as mentiras choros verdadeiros nas suas bocas
Choro de séculos
onde a verdade violentada se estiola no círculo de ferro
da desonesta força
sacrificadora dos corpos cadaverizados
inimiga da vida
fechada em estreitos cérebros de máquinas de contar
na violência
na violência
na violência
Choro de África é um sintoma
nós temos em nossas mãos outras vidas e alegrias
desmentidos nos lamentos falsos de suas bocas - por nós!
E amor
e os olhos secos.


Aqui estou eu a postar, já algum tempo sem aparecer, gosto da África e então resolvi colocar esse poema de um poeta angolano que não consegui descobrir o nome até agora. No próximo falarei mais a respeito da África e do que me revolta. O que pensais a respeito da África?!

domingo, 9 de setembro de 2007

Libera Geral!!


A maconha é uma droga ( vale frizar que o conceito internacionalmente aceito para esse termo é o que diz que droga é toda e qualquer substância capaz de alterar o funcionamento de um organismo, no qual se inclui o álcool, o tabaco e até a cafeína ) alucinógena extraída da erva Cannabis Sativa, cuja qual é consumida segundo a OMS por cerca de 600 milhões de pessoas em todo o mundo. Por possuir efeitos relaxantes e dar ao usuário uma temporária fuga da realidade, seu uso é muito mais comum do que o de outras drogas. Porém, apesar da classificação internacional da erva indicar que ela é uma droga leve ( o tabaco e o álcool estão no mesmo nível que a cocaína nessa classificação, sendo portanto considerados drogas pesadas ), ainda há um forte preconceito contra os seus usuários. Para entender melhor esse preconceito, devemos nos remeter à década de 40, quando por motivos econômicos, iniciou-se a propaganda anti-cannabis nos EUA.Além do uso recreativo da Cannabis, há também a possibilidade de se utilizar a erva para outros fins, dentre eles a produção têxtil. Na década de 40, a industria têxtil convencional norte-americana se via ameaçada pelo crescente desempenho das fábricas que produziam tecidos através do cânhamo (derivado da Cannabis). Por esse motivo, houve uma espécie de complô da grande mídia na época para agregar a Cannabis uma imagem negativa forte ao ponto de causar nos governantes a necessidade de tratar a erva como uma droga assassina, a qual portanto, deveria ser proibida.A propaganda anti-cannabis teve base nos "fatos" apontados pelos que defendiam sua proibição, os quais ainda hoje são aceitos pelos mais ignorantes, os quais desconhecem os resultados de pesquisas mais recentes sobre o assunto. No passado, dizia-se que a maconha causava danos irreversíveis à memória, deixava o usuário mais burro, além do que segundo os mesmos, era uma droga extremamente viciante.Sabe-se hoje por a + b que é impossível ter uma "overdose de maconha", assim como estudos recentes demonstram que a erva é capaz de expandir os bronquíolos (o que pode ser um tratamento alternativo para quem tem bronquite )eu tive ou acho que tenho ainda bronquite asmática .heheehe , além do que é um meio de se curar um enfisema que esteja em curso. É conhecido também no meio científico o fato de que a Cannabis tem um baixíssimo índice de dependência ( 6 a 12%, dependendo da pesquisa ), e que os danos causados pelo uso contínuo são reversíveis, curados pelo próprio organismo quando se dá a abstinência do uso. Também é fato que a frase "maconha mata neurônios" é enganosa. O THC principio ativo da maconha não produz dano algum ao tecido cerebral.Devido à propaganda enganosa veiculada junto à maconha, criou-se o preconceito que hoje é presente em praticamente toda a sociedade. Diz-se que a maconha além de afetar fisicamente (como pregava a propaganda elitista contra a Cannabis), ainda produz efeitos morais sob os usuários. Tal suposição preconceituosa deve-se ao fato de que historicamente a maconha foi utilizada pelas classes mais baixas, os quais muitas vezes, vítimas da situação, eram condicionados ao crime. Hoje, porém, a classe que mais utiliza a erva é a classe média alta, porém o preconceito se mantém.Outra desculpa dos que se dizem contra o uso é o senso comum de que a maconha é a porta de entrada para as outras drogas. É fato que o "candidato" a usuário pode encontrar maconha com uma facilidade imensamente maior do que a cocaína, por exemplo, além de que a maconha é muito mais barata. Porém esse argumento contra o uso da erva é facilmente quebrado quando analisamos os meninos de baixa renda que viciam em cola. A maioria nem passa pela maconha. Raramente viciados em química utilizam maconha. A imensa maioria desses meninos viciados em cola passa direto da cola para o crack.Para quebrar o argumento dos que se dizem contra por implicações morais, as quais segundo os mesmos, impossibilitam o usuário de ter uma vida controlada e de obter uma carreira de sucesso, ganhar dinheiro e outras coisas que o mundo capitalista tanto valoriza, vale a pena exemplificar: 20% dos professores universitários já fizeram uso da erva, a qual foi muito comum na década de 60, principalmente entre aqueles com melhor formação cultural e acadêmica.Concluindo, a maconha não é o fim do mundo como dizem muitos "especialistas". É possível levar uma vida controlada com o uso da erva, que alias é benéfico em algumas ocasiões. O alívio causado pela maconha é uma terapia sem igual para um dos maiores assassinos da atualidade: o stress. Deve-se apenas desenvolver-se a tolerância quanto aos usuários, pois os que fazem opção do uso da erva, em condições normais, são aqueles que não desejam inconscientemente a autodestruição, são simplesmente aqueles que muitas vezes, devido ao stress causado pelo elevado trabalho mental, necessitam de uma válvula de escape, e encontraram tal válvula na Cannabis. E além do mais, com o elevado índice de tráfico no Brasil (o que gera a criminalidade como um todo) e o de desemprego, não seria má idéia abrirmos fábricas de cigarros de maconha, com um critério de venda rigoroso, o que sei que não acontece com o tabaco e o álcool, mas crianças compram maconha normalmente como se fosse pão mesmo. Posso ser criticado muito por isso, mas seria muito mas vantajoso para todos, pois o dinheiro que o Governo gastaria em propaganda anti-cannabis e no tratamento de "vicíados" seria muito menor do que o preço que pagamos diariamente, com vidas. Pense nisso!

OBS:Não citei a Holanda por que muitos diriam que não moramos lá!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Pequenos Pormenores

I have no time!!
foi mal aí mas estou meio sem tempo, depois coloco algo decente =P
se tiverem paciência e a conexão ajudar, assiste a esse video.
OBS: como não sei usar direito isso aqui, irei colar o link aí dará para assistir ;D
se tu entender alguma coisa da música, gostando ou não, comenta!

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Início


Bem, como tudo tem um início, um meio e um fim este é o primeiro post deste blog, que terá duração indefinida assim como a vida de seu dono, que não tem o intuito de fazer um blog vislumbrando citar apenas as coisas boas da vida, muito menos ser politicamente correto e sim de expor opiniões certas ou erradas, longas ou curtas, gostos atuais ou arcaicos, pensamentos, algumas inutilidades públicas e teorias malucas. hehehehe.Também darei algumas explicações de ante-mão: a escolha do nome não foi lá uma das tarefas mais difíceis, pode ser que alguns gostem, outros já nem tanto e correm o risco ainda de dizerem que tenho uma mente muito "fértil" (no sentido pejorativo) mas deixo claro desde já que Mundos Mundos é o nome de uma música de uma banda portuguesa denominada Da Weasel (doninha) e a foto foi mais pra tentar dar um "impacto", pois mundos mudos lembrou-me algo que está mudo =P. Sem mais delongas e hipérboles, a foto foi escolhida por que primeiramente gostei e depois esse anjo desse jeito parece que estar tentando dizer algo ou está decepcionado pela perca de alguém e encontrou através das palavras uma forma de se manifestar, não é pra ser nada gótico como sei que vão rotular..OBS: como sei que a foto pode ser mudada aproveitei e deixei ela aí do lado, aproveitando também para por a letra da música, não irei passá-la para a ortografia do português do Brasil (se não perde a essência, o sotaque hehe) se tiver saco pra ler, leia. A letra é meio chata mesmo, mas quando se tentar cantá-la com o sotaque português ela é melhorzinha. aaahhh e não sei o porquê desse nome já que verás que não tem muita lógica ;D
Mundos Mudos - Da Weasel
Ligo directo para a caixa de correio só para ouvir a tua voz,Sei que é cena fora mas todo o dia chega a hora em que o lado esquerdo chora quando se lembra de nós A vida corre tranquila, cada vez menos reguila meto guita de parte e a cabeça não vacila tanto Para minha alegria e meu espanto Pode ser que o passado fique por onde deve estar:No pretérito imperfeito, já que não é mais-que-perfeito,Este é um presente que eu aceito Para atingir a tranquilidade Que supostamente se atinge com a nossa idade A verdade é que a saudade do que passou Não é mais que muita...Mas por muita força que faça ela passa por saber que te vivi...Tu deste tudo e eu joguei, arrisquei e perdi Agora,Muda o teu número, eu mudei o meu,Muda o teu número, eu mudei o meu,Muda o teu número, eu mudei o meu,Muda o teu Mundo que eu mudei o meu.Cada vez que eu ligo tento deixar mensagem mas acabo por nunca arranjar a coragem Necessária Gostava apenas de partilhar contigo o quotidiano habitual Nada que se compare com as correrias doutras alturas e doutros abismos E já que falo por eufemismos Gostava de dizer que ainda gosto bastante de ti...A casa tá diferente, parece digna de gente Dá gosto sentar no sofá com a tv pela frente Comprei uma máquina de café Xpto, bem bonita, azul bebé Ocasionalmente cozinho e bebo o meu vinho E esqueço o fumo que nos dava aquele quentinho Hoje em dia é mais à base do ar condicionado Condicionei a tentação num clima controlado Quero que saibas que tou bem, sei que tu mais ou menos Sempre gostaste de brincar em perigosos terrenos Em relação a isso eu não sei o que fazer E se calhar é por isso mesmo que acabo por não dizer que a verdade é que a saudade do que passou Não é mais que muita...Mas por muita força que faça ela passa por saber que te vivi...Tu deste tudo e eu joguei, arrisquei e perdi Agora,Muda o teu número, eu mudei o meu,Muda o teu número, eu mudei o meu,Muda o teu número, eu mudei o meu,Muda o teu Mundo que eu mudei o meu.