segunda-feira, 7 de abril de 2008

NENHUM BRASIL EXISTE

A dúvida, expressa no poema HINO NACIONAL, de Carlos Drummond de Andrade. Há pelo menos cinco séculos nos perguntamos quem somos. A "terra boa e gostosa" de Aquarela do Brasil? O País do carnaval, do futebol e da mulata? O País do futuro? Ou o da pobreza, da violência, da corrupção? Perguntas complexas. Ao longo de nossa história, gente qualificada se ocupou delas.

CAMINHA - SOMOS UNS SEM-VERGONHA

A carta de Pero Vaz de Caminha enviada ao rei Manuel, datada de 1º de maio de 1500, só foi descoberta quase 300 anos depois, em Lisboa. O membro da esquadra de Cabral retratava em 27 páginas uma terra de natureza exuberante....

Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem nenhuma coisa de metal, nem de ferro, Porém, a terra, e, si, é de muito bons ares. Águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem.


....e de sua sensualidade latente:

Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas costas; e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonham.

No final, Caminha aproveita para pedir a volta de seu genro, degradado na África por ter roubado uma igreja e batido no padre. Era o primeiro caso de tráfico de influência da história do Brasil.


GILBERTO FREYRE: "NEM PRETOS, NEM BRANCOS, NEM ÍNDIOS: MESTIÇOS"

Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo (...] a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro.

O PORTUGUÊS: (...) já de si melancólico, deu no Brasil para sorumbático, tristonho...
A ÍNDIA: Da Cunhã é que nos veio o melhor da cultura indígena. O asseio pessoal. A higiene do corpo. O milho, O caju. O mingau. O brasileiro de hoje, amante do banho e sempre de pente e espelhinho no bolso, o cabelo brilhante de loção ou de óleo de coco, remete a influência de tão remotas avós...
O NEGRO: Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera da vida, trazemos quase todos a marca da influência negra.

Achei uma reportagem bem grande e muito show falando sobre o brasileiro...
aí resolvi compartilhar uns trechos dela com vocês!!
Digam-me o acham do brasileiro! Vocês conseguiriam definir um estereótipo brasileiro?!